Entrudo (en-tru-do)
Entrudo sm (lat introitu) 1 V carnaval. 2 Antigo folguedo carnavalesco que consistia em jogar água nas pessoas circundantes.
O costume, herança de Portugal, consistia em todo tipo de brincadeira e correria a fim de lambuzar a roupa dos desavisados que circulavam nas ruas. Era comum ver escravos carregando latas de pó e cântaros com água para suprir seus senhores de munição para a batalha. Quanto mais elegante o traje, mais visada era a pessoa.
A mania mobilizava famílias inteiras que, semanas antes da festa, já se dedicavam à fabricação artesanal de limões-de-cheiro, principal arma da brincadeira. Era uma bola de cera moldada com laranja ou limão que levava em seu interior água e, em alguns casos, urina. Durante o entrudo, as famílias se reuniam em suas casas para arremessá-los das janelas ou ainda para despejar baldes de água suja e todo tipo de entulho e pó nos passantes. Do lado de fora, a população negra saía às ruas, desfilando sua batucada.
Somente a partir de 1850, o entrudo começou a perder popularidade. Para conter a bagunça, as autoridades locais instituíram multas a quem o praticasse. Quem não pudesse pagá-las era preso por vários dias. E se fosse escravo era punido com chibatadas. Porém o golpe fatal contra o entrudo foi a queda de prestígio, à medida que surgiam elegantes bailes de máscaras à moda dos carnavais europeus.
Nos salões, havia três personagens principais: o Pierrô é sentimental e se derrete de amores pela volúvel e sedutora Colombina. O palhaço Arlequim é seu rival. Diverte-se com a ingenuidade de Pierrô e usa todas suas artimanhas para conquistar o coração da Colombina. É nesse triângulo amoroso que os compositores se inspiraram para criar algumas das mais belas marchinhas de carnaval.
O Entrudo é uma festa local, quase privada, cuidadosamente preparada nas semanas que a antecedem. O ponto alto é a leitura pública das «deixadas», testamentos que dividem simbolicamente um burro pelos rapazes e raparigas da aldeia. Jocosas, trocistas e irónicas, são preparadas em segredo pelos mais novos, que muitas vezes recorrem à sabedoria e conhecimento dos mais velhos, repetindo a tradição. Os testamentos são ouvidos em silêncio pelos mascarados para não serem reconhecidos pelas vítimas das suas diabruras.
Mas a festa não fica completa sem o Desfile de Caretos, o Concurso de Máscaras (feitas em madeira pelos artesãos locais) e a Queima dos Compadres - o compadre e a comadre, dois bonifrates carregados de pólvora e que, na terça-feira, põem ponto final à festa e à rivalidade que durante várias semanas opôs rapazes e raparigas
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